

Ser criança é ser curioso, aguçado na pesquisa, experimentador da
natureza, investigador ativo e um ser capaz de realizar, de pensar , de inferir
ideias e pensamentos. Sujeito crítico e coautor do ensino-aprendizagem e mestre
em amar, aquele que nos sujeita ao riso e a quem dispomos a estudar, mas no
entanto nos ensina tanto.
Ser criança é poder abraçar o mundo na sua complexidade de forma simples
e afetuosa, sentindo e sofrendo as dores do mundo e aprendendo a perdoar,
deixando as mágoas de lado e voltando sempre com o rosto iluminado e alma
aberta para desvendar mistérios da natureza e do ser humano com quem convive. É
portanto agente de transformação nato, de quem os adultos deviam sempre se
espelhar, amando em demasia, prontos a se humilhar, frágeis e que demonstram
sentimentos e choro incontido e que grita a dor se precisar.Nada de esconder
valores e sensações para se mostrar forte em momentos de angústia, mas
ver a vida com outros olhos, valorizando o tempo que se vive aqui e
aproveitando dela as experiências dos erros para moldar-se e criar e recriar um
mundo melhor para si e para os outros que os cercam.
A criança é um poço de dotes dos quais pode surgir novos inventores e
pensadores, formadores de opiniões e cientistas, pois não têm medo em errar,
não receiam desvendar a ciência mesmo em seu senso comum,pois a conhecem e
aprendem experimentando, tocando, sentindo a fundo, criando, pintando,
exprimindo.Nós adultos, no entanto, somos reprimidos, temos medo do fracasso,
de tentar outra vez, de passar pela vergonha, de abaixar a cabeça , de
pedir desculpas, de sermos novamente crianças, puras, delicadas, seres
ternos que desfrutam de todos os momentos brincando e fazendo descobertas,
escrevendo história e aprendendo com a vida a modelar sonhos e diretrizes, que
logo nós adultos estamos a podar, cortando o cordão umbilical entre a criança e
o saber, o interagir para compreender. Logo que começam a falar os adultos
mandarão calar, se correm demais, é tempo de sentar, se tocam ouvirão para não
mexer, não tocar. Mudarão os trajetos, darão apenas por escolha o certo ou
errado, sem meio termo, sem argumentar escolherão por elas novos caminhos e
sonharão por elas, impedindo-as que cumpram seus papéis, o de sujeito de
mudança e de direito. Logo que sonham, precisam abandonar seus desejos e viver
os sonhos dos pais e da sociedade que impõe, discrimina o que é melhor, e passa
a fazer escolhas de outros caminhos que muitas vezes não seriam seus caminhos,
deixam passar a oportunidade de aprender brincando e de amar amando, para
seguir cartilhas do abc e ler o que as impõe a ler e a fazer, a produzir,a ter
ao ao invés de ser.
A criança é um ser completo até ser dividida por sensações de medo, de
angústias e desilusões, de estabilidade e de engessamento e fragmentos que os
adultos lhe oferecem em suas relações, abandonando-as à própria sorte de ser
feliz ou não. A criança será portanto um adulto suficientemente forte ou
modesto, capaz ou dependente de ajuda para mudar sua realidade mediante às
oportunidade que seus responsáveis e condutores lhes acomodem na bagagem
e na alma a paz, o direito de brincar e ser feliz, o de tentar e errar, o de
viver sem medo, o de experimentar, correr, saltar, de viver e criar, de
inventar e de se reinventar.
Paula Belmino

Este texto acima é meu parafrasear após ler o pedagogo Loris Malaguzzi , é minha reflexão sobre nossas práticas como pais e educadores e responsáveis pela infância de nosso país e de nosos tempo. O que estamos ofertando a nossos filhos , a nossos alunos?Que adultos estamos criando, produzindo e gerando?
Vale refletir!
Leiam um trecho do autor:

AS CEM LINGUAGENS DA CRIANÇA
A criança
é feita de cem.
A criança tem cem mãos
cem pensamentos
cem modos de pensar
de jogar e de falar.
Cem, sempre cem
modos de escutar
de maravilhar e de amar.
Cem alegrias
para cantar e compreender.
Cem mundos
para descobrir.
Cem mundos
para inventar.
Cem mundos
para sonhar.
A criança tem
cem linguagens
(e depois cem, cem, cem)
mas roubaram-lhe noventa e nove.
A escola e a cultura
lhe separam a cabeça do corpo.
Dizem-lhe:
de pensar sem as mãos
de fazer sem a cabeça
de escutar e de não falar
de compreender sem alegrias
de amar e de maravilhar-se
só na Páscoa e no Natal.
Dizem-lhe:
de descobrir um mundo que já existe
e de cem roubaram-lhe noventa e nove.
Dizem-lhe:
que o jogo e o trabalho
a realidade e a fantasia
a ciência e a imaginação
o céu e a terra
a razão e o sonho
são coisas
que não estão juntas.
Dizem-lhe enfim:
que as cem não existem.
A criança diz:
Ao contrário, as cem existem.
Loris Malaguzzi
*Fotos da Alice por Flávia Alves Fotografias
Parabéns Paula pelo texto e pela reflexão.
ResponderExcluirAdorei o poema de Loris Malaguzzi.
Não conhecia.
Sucesso sempre!
beijo
Uma linda postagem e mensagem.
ResponderExcluirabração com carinho
Uma linda poesia e mensagem em seu texto.
ResponderExcluirabração com carinho
Paula,minha conexão hoje está uma carroça!...rss...Que beleza de texto,posso levar pro Recanto? As fotos ficaram divinas tb! bjs,
ResponderExcluirE temos que refletir todos os dias sobre a criança de hoje em dia e nosso papel como pais na vida delas.
ResponderExcluirBjocas
Dani