Nossa aula com o livro Nas asas do Haicai de Sônia Barros com ilustrações de Ângela Lago pela Aletria Editora , veio somar e inspirar em nossas produções de texto e vivências poéticas em sala de aula.
Após as crianças lerem o livro A flor e a pipa de Rubem Alves, tivemos oficinas d epipas e outras práticas brincantes,a escrita não poderia ficar de fora e assim criamos o manual de instrução, brincamos, vivemos a poesia.
Hoje o livro nos trouxe além do que se podia imaginar, ludicidade, criatividade, aprendizagem e habilidades leitoras e de escrita, pois para as crianças ao listarem objetos que voavam, apenas citaram aves e insetos, mas não se permitiram ir além, com o livro que fala do sonho, da imaginação, da fofoca e outras coisas que faz voar, eles puderam perceber que poesia não é lógica, não precisa razão e assim com muito estímulo e inspiração criaram seus poemas a partir do comando: Isso voa...
Olhem só que alegria:
Eles puderam compreender a estrutura de um haicai que é um poema conciso de origem japonesa que tem três versos , não precisa de título e nem rima, e que o primeiro e o terceiro verso têm 5 sílabas poéticas e o 2º sete sílabas. Claro não os prendi a essa métrica e normas, mas sim ao sentido e todos se saíram bem em suas produções, juro que eu intervi pouco, e ainda ganhei um presente enorme de um aluno que escreveu que do que voa, a professora voava todo dia na poesia Confesso: Chorei!!!
Outros que voaram com os livros:
E voamos todos!!! Para saber mais do livro:
NAS ASAS DO HAICAI
Será que é preciso ter asas pra voar? Neste livro o pequeno leitor vai conhecer o voo inusitado de seres vivos ou inanimados. Cada jeito de voar é apresentado num haicai – uma forma especial de poesia nascida lá no Japão, que consiste em três versos e um número determinado de sílabas. Aqui a premiada autora Sônia Barros faz o retrato de um voo, utilizando como fio condutor o alfabeto. Os versos de Sônia ganham mais emoção com os desenhos de Angela-Lago que são verdadeiras obras de arte. Um dos mais importantes nomes da literatura infantil no mundo, Angela neste livro, inovou mais uma vez: usando a estética de desenhos de criança, quase garatujas, ela nos convida a refletir e sentir os haicais de Sônia.
Ler é brincar, já disse o grande mestre Rubem Alves. "Um livro é um brinquedo feito com letras" E se sabe é muito importante ler, sério demais pra ser pensada como coisa secundária, pois se tem algo importante na escola em meio à toda sua missão de educar, é o incentivar à leitura e propiciar momentos de aprendizagem lúdicas e contato com livros e variadas fontes de leitura, gêneros, suportes, levando a criança a interagir por meio da leitura para se divertir, aprender, brincar, saber se informar, e todas as infinidades de objetivos que os livros têm, além de garantir a aprendizagem significativa e prazerosa.
Recebemos um kit de livros do Instituto Rubem Alves e claro foi uma festa só, as crianças puderam ler em duplas e trios, umas para as outras, em voz alta, silenciosamente, no tapete, ou deitadas, de todas as formas, ler sem tempo, dei-lhes tempo livre para ler e brincar. Depois escolhemos A pipa e a flor para sequencia didática, trabalhando de forma contextualizada, arte, geometria, matemática, Língua Portuguesa, Valores etc...
As crianças ouviram a história, que nesse livro o autor traz 3 finais possíveis para as crianças escolherem, mas que eu pedi para escrever um final que eles achavam que ficaria bom. Depois de todos fazerem a tarefa ai sim compartilhei o final da história, e eles escolheram o que mais gostava.
Conversamos sobre amizade, sentimentos de benevolência, solidariedade, ciúme, inveja, porfias etc...
Depois elas fizeram lista de sentimentos e davam o significado de acordo com o que achavam.
Desenharam, pintaram, fizemos dobraduras da pipa e trabalhamos ortografia.
Na aula seguinte houve a apresentação da obra Pipas de Cândido Portinari , elas observaram e depois fizeram suas releituras usando grafite
Além da releitura da obra de Portinari, trabalhamos a forma geométrica plana, a quantidade de linha necessária para confeccionar uma pipa, manual de instrução e criamos uma oficina de pipas que foi um sucesso:
Depois de todo aprendizado foi só brincar e brincar....
E vejam só o quanto essas pequenas crianças já sabem da importância da leitura
Para refletir um pedacinho da história: A pipa e a flor:
Era uma vez uma pipa de cara risonha que ficou enfeitiçada por uma florzinha maravilhosa. Não conseguindo mais viver sem ela, deu sua linha para a flor segurar.
A flor, então soltou a linha para a pipa voar bem alto.
Mas a flor, aqui de baixo, percebeu que estava ficando triste. Não, não é que estivesse ficando triste. Estava ficando com raiva. Que injustiça que a pipa pudesse voar tão alto, e ela tivesse de ficar plantada no chão. E teve inveja da pipa. Tinha raiva ao ver a felicidade da pipa, longe dela... Tinha raiva quando via as pipas lá em cima, tagarelando entre si. E a flor, sozinha, deixada de fora.
_ Se a pipa me amasse de verdade não poderia estar feliz lá em cima longe de mim. Ficaria o tempo todo comigo...
E a inveja juntou-se ao ciúme.
Inveja é ficar infeliz vendo as coisas bonitas e boas que os outros têm, e nós não.
Ciúme é a dor que dá quando a gente imagina a felicidade do outro, sem que a gente esteja com ele.
E a flor começou a ficar malvada. Ficava emburrada quando a pipa chegava. Exigia explicação de tudo.
E a pipa começou a ter medo de ficar feliz, pois sabia que isto faria a flor sofrer.
E a flor foi aos poucos, encurtando a linha.
A pipa não mais podia voar. Via, ali do baixinho, de sobre o quintal (esta era toda a distância que a flor lhe permitia voar) as outras pipas, lá de cima... E sua boca foi ficando triste. E percebeu que já não gostava tanto da flor, como no início.
(Rubem Alves, A pipa e a flor. São Paulo
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