Procurando resquícios do tempo, alienada num sentimento que
nunca mudou, a gente vai vivendo em frangalhos tentando abandonar as lembranças
que nunca se apagam, lembranças que
ficaram gravadas em nós.
Se busca encontrar um meio termo, uma explicação pra esse
amor indolente que teima em viver dentro do peito, mesmo quando o tempo passou.
Folheando-se as
páginas da vida e folhas da
memória tentando achar uma virgula na história, para parecer que nada mudou.Mas, o sonho voou, o
sentimento ficou latente, pra um dos personagens deste sonho de amor, para quem
sofre de saudade, nada, simplesmente nada nunca mudou.
Encontra-se aqui nas páginas amareladas do tempo, pois lá
dentro, bem dentro do coração ferido de saudades a paixão nunca se foi.Só
ali, nos capítulos que se vê escondidos
se encontram escritos, as memórias de um sentimento que nunca findou.
Entre poesias, livros dessa história o anjo que outrora era
mocinho ou bandido, menino e príncipe só nos versos ficou.O tempo pra ele
mudou. Ainda que a imagem continue igual, semideus natural, belo e singular, o
anjo que velou prazeres em noites que ninguém viveu ou imaginou.Só em
sonhos, pois já passou tantos anos e resolveu acordar.Voou, mudou, encontrou
outro amor.Está lá, lindo, másculo, encantado, arrancando das gentes o aplauso,
e quem terá sido o autor?
Quem arrancara partes
deste livro sagrado, desse romance imaculado, dessa história cheia de ardor?
Pois para ele a vida continua lá fora, realidade virou. Para a amante, coitada,
vive amargurada, escrava de um rio que se banhou. Continua presa nos escritos, nos resquícios
de um livro, queimando nas chamas de uma
paixão doente. Vive compadecidamente um
lindo sonho de amor.
Amor platônico, latente e insano, que inflama quando se
pensa, lembrando dos anos que apenas amou...
Loucamente sonha e chama seu nome em pensamento, como se
nada tivesse mudado lá dentro dela, mesmo que as rugas e as linhas do tempo
provem que não é mais a bela, consta que o tempo passou. Ainda assim teima em encontrar respostas e iludida acredita que a beleza que cerca seu anjo são
anos a fio de suas lágrimas de amor. Vive ele no céu da poesia e no coração de
quem não pode gritar, só lágrimas alimentam sua alma e é por isso que a cada
dia mais belo há de ficar.
A amante tristonha e sozinha, apenas lamenta, canta seu
triste penar. Escreve linhas com sangue, suor e puros sentimentos para que,quem sabe um dia, complete-se o livro de
uma loucura que viveu, e sonha como que, tal como as pedras se encontram ,
também possa encontrar quem um dia foi seu.
Ali ela voltaria a ser a rainha, com lindos olhos, pele
suave e beijo de mel, e o fim da história deste amor que não se explica seria o
céu.Corpo a corpo acasalados, alma na alma intrínsecas e presas sem correntes,
seriam dois seres completos, e o livro por certo seria um amor colossal. Um
capítulo que não teve começo nem final. Uma história escrita no universo onde dois
corações viveriam para serem amantes imortais.
Paula Belmino
3 comentários:
Linda foto e lindo teu texto.ADOREI! beijos tudo de bom esse dezembro que iniciamos hoje!
chica
Que texto lindo e intenso!
Também amei a foto! Beijos
Uma perfeita e profunda relação da vida com todos os sentimentos que experimentamos e ou vivemos. Gostei Paula da maneira como o conduziu numa prosa onde o leitor é levado a viver as passagens e refletir.
Bela imagem simbolizando a alegria a superação, a vida.
Um carinhoso abraço amiga.
Bjo de paz e luz.
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