terça-feira, 14 de junho de 2016

Era uma vez... Um menino Chamado AUGUSTO (DICA DE LIVRO)




O poeta da dor, do Eu, uma criança triste, solitária que se dedicou a ler embaixo de um pé de tamarindo,aprendendo versos de cor para recitar nas festas e reuniões em família. Criado pelo pai com literatura portuguesa e aulas de aritmética, a fé da mãe Sinhá Mocinha, cedo e à tardinha fazendo orações, e pelo padrinho recebeu aulas de catecismo. A cultura paraibana, no engenho, os parreirais, a sombra fresca da árvore amada e as tardes livres pelo quintal, sendo vigiado pela ama de leite Guilhermina com quem aprendeu o valor da amizade, assim foi a infância de Augusto dos Anjos poeta paraibano que amava a natureza e se perdia a ler e decorar poesias.
Professor e grande mestre deixou sua contribuição ao mundo e grande exemplo de didática e pedagogia não comum à época, vivenciando o valorizar o saber do aluno, foi grande mestre no ensinar.
Essa é um pouco da história do menino chamado Augusto livro que eu recebi de Neide Medeiros que retrata muito bem no livro: Era uma vez um menino chamado Augusto, com linguagem especial para as crianças e jovens prende a leitura e faz de modo especial querer saber mais da história do poeta cético e de sua obra que foi escrita ainda em 1912 com o título "eu", obra esta que tem muito ainda a dizer e guarda memórias por várias partes do Brasil por onde Augusto passara como o Memorial Augusto dos anjos em João Pessoa.
Um livro que conta em ilustrações rebuscadas que lembram as fotografias de família o livro narra a biografia e a história do poeta do Eu e da dor de maneira lúdica para aproximar as crianças do mundo mágico e sensível da poesia Augusta!




A árvore da serra
— As árvores, meu filho, não têm alma!
E esta árvore me serve de empecilho...
É preciso cortá-la, pois, meu filho,
Para que eu tenha uma velhice calma!

— Meu pai, por que sua ira não se acalma?!
Não vê que em tudo existe o mesmo brilho?!
Deus pos almas nos cedros... no junquilho...
Esta árvore, meu pai, possui minh'alma! ...

— Disse — e ajoelhou-se, numa rogativa:
«Não mate a árvore, pai, para que eu viva!»
E quando a árvore, olhando a pátria serra,

Caiu aos golpes do machado bronco,
O moço triste se abraçou com o tronco
E nunca mais se levantou da terra!

Augusto dos Anjos




A Esperança não murcha, ela não cansa, 
Também como ela não sucumbe a Crença, 
Vão-se sonhos nas asas da Descrença, 
Voltam sonhos nas asas da Esperança.

Augusto dos Anjos



Neide Medeiros foi professora de Literatura Infantil da UFPB, é mestra em Teoria da Literatura (UFPE), atualmente é leitora volante da Fundação nacional do Livro Infantil e Juvenil (FNLIJ) Tem livros publicados na área da teoria da literatura e memórias de leituras. É colunista do jornal" Contraponto" e colaboradora do "Correio das artes"
Outras obras de Neide Medeiros





Para conhecer mais Augusto dos Anjos

Um dos maiores biógrafos de Augusto dos Anjos é outro conterrâneo seu, o médico paraibano Humberto Nóbrega, trazendo à tona A poética carnavalizada de Augusto dos Anjos[2] uma das críticas mais relevantes às contribuições à investigação científica sobre o EU[3] por meio de sua obra de longo fôlego[4] , publicada em 1962, pela editora da primeira Universidade Federal da Paraíba, na qual o biógrafo Humberto Nóbrega foi também Reitor.
Augusto dos Anjos nasceu no Engenho Pau d'Arco, atualmente no município de Sapé, Estado da Paraíba. Foi educado nas primeiras letras pelo pai e estudou no Liceu Paraibano, onde viria a ser professor em 1908. Precoce poeta brasileiro, compôs os primeiros versos aos sete anos de idade.
Em 1903, ingressou no curso de Direito na Faculdade de Direito do Recife, bacharelando-se em 1907.[1] Em 1910 casa-se com Ester Fialho. Seu contato com a leitura, influenciaria muito na construção de sua dialética poética e visão de mundo.
Com a obra de Herbert Spencer, teria aprendido a incapacidade de se conhecer a essência das coisas e compreendido a evolução da natureza e da humanidade. De Ernst Haeckel, teria absorvido o conceito da monera como princípio da vida, e de que a morte e a vida são um puro fato químico. Arthur Schopenhauer o teria inspirado a perceber que o aniquilamento da vontade própria seria a única saída para o ser humano. E da Bíblia ao qual, também, não contestava sua essência espiritualística, usando-a para contrapor, de forma poeticamente agressiva, os pensamentos remanescentes, em principal os ideais iluministas/materialistas que, endeusando-se, se emergiam na sua época.[1]
Essa filosofia, fora do contexto europeu em que nascera, para Augusto dos Anjos seria a demonstração da realidade que via ao seu redor, com a crise de um modo de produção pré-materialista, proprietários falindo e ex-escravos na miséria. O mundo seria representado por ele, então, como repleto dessa tragédia, cada ser vivenciando-a no nascimento e na morte. Augusto nega a religião como algo que possa explicar o mundo, sua poesia é composta por muitas ironias contra o cristianismo e a religião de uma forma geral, embora em sua cidade natal, Engenho do Pau D’Arco, o escritor conduzia reuniões mediúnicas e psicografava.[5] [6]
Dedicou-se ao magistério, transferindo-se para o Rio de Janeiro, onde foi professor em vários estabelecimentos de ensino. Faleceu em 12 de novembro de 1914, às 4 horas da madrugada, aos 30 anos, em Leopoldina, Minas Gerais, onde era diretor de um grupo escolar. A causa de sua morte foi a pneumonia. Na casa em que residiu durante seus últimos meses de vida funciona hoje o Museu Espaço dos Anjos.
Durante sua vida, publicou vários poemas em periódicos, o primeiro, Saudade, em 1900. Em 1912, publicou seu livro único de poemas, Eu. Após sua morte, seu amigo Órris Soares organizaria uma edição chamada Eu e Outras Poesias, incluindo poemas até então não publicados pelo autor.

2 comentários:

LITERATURA INFANTIL disse...

Paula Belmino,
Fiquei "alumbrada", para usar uma expressão de Manuel Bandeira, com o rico comentário que você fez do meu livro - "Era uma vez um menino chamado Augusto". Procurei apresentar um Augusto dos Anjos acessível às crianças e vi, creio que é sua filha, lendo com muito interesse o livro. O ilustrador desse livro é Tônio, um artista plástico paraibano, que sabe captar muito bem os traços fisionômicos das pessoas. O menino Augusto com 10 anos foi ampliado de um pequeno retrato em preto e branço, ele pintou uma tela em tamnaho grande a óleo, adquiri a tela e fiz doação ao Memorial Augusto dos Anjos que fica situado na cidade de Sapé.
Muito obrigada por suas palavras e pela divulgação dos meus livros. Devo tudo isso a nossa amiga em comum- Eloí Bocheco.
Neide Medeiros Santos

Anônimo disse...

Bela dica, gostei muito do grande menino Augusto. Beijo! Renata e Laura