domingo, 23 de setembro de 2018

Quando se faz Primavera





Quem me vê em plena primavera não sabe quanto tempo fiz dentro da alma deserto
Dias estiados, em secura de sentimentos
Ou em confusão brinquei de bem-me-quer
Fui só espinhos
Beleza alguma de flor.
Rasguei o coração e a pleno pulmões gritei ansiando cor e luz
E a unhas cravadas banhei em sangue a alma e dispus a viver
para ser flor, a perfumar
Quem me vê plena primavera não sabe que já fui flor à beira da morte
E me fiz árvore ansiando orvalho
Para que na estação própria pudesse germinar.
Me fiz de galho, seco, atravessando a solidão
Para que hoje em fina flor um pássaro de amor viesse cantar.
Posso dizer do jardim que há em mim
são feridas abertas em cicatriz que se transformaram
Da dor, o amor
do luto, a luta
Da flor, plena primavera!


Paula Belmino


Poema publicado na Antologia De Poesias, Contos e Crônicas da Casa da Poesia
Volume 3 2017

4 comentários:

Anônimo disse...

Gosto de um pensamento ao qual sua poesia me lembrou:

"Sabe quem é Deus?
É aquele que te levanta quando muitos nem sabiam que você estava caído.
Ele sonda e conhece nosso coração".

Sua poesia, Paula, é do mesmo modo, profunda.

Beijo!

Renata e Laura

Majo Dutra disse...

É, realmente, um poema singular, belo e interessante.
Ótima seleção.
Beijinhos.
~~~~

Toninho disse...

Beleza de travessia para Primaverar.
É lindo todo processo em cada estação para enfim ver os jardins belos e assim somos nós amiga, em cada fase as histórias se repetem e multiplicam. Belo trabalho amiga.
Meu abraço carinhoso.
Semana feliz para vocês.

Anete disse...

Bonito poema! Creio que as dificuldades passadas nos levam a “primaverar” com mais ousadia e satisfação...
As fotos também estão bem bonitas!
Bom dia!...