sexta-feira, 19 de maio de 2017

Esperando a chuva...A chuva de poesia!






Falo das lutas
Do luto 
das dores do mundo
da brava gente que resiste às feridas
ao calabouço
ao roubo da alma, e de sua terra.
Do povo africano
trazido em navios negreiros, desolados
separados, pais, mãe, filhos.
Falo das gentes isoladas de sua família, 
do rito, da cultura
de sua pátria.
Falo de cultura
contando a história a brincar
criando, imaginando
numa interação cocriadora
onde a poesia sensibiliza, humaniza,
restaura, fecunda.

Falo do amor e da luta dos negros aos montes
num navio açoitados, amofinados trazidos ao Brasil
com lucidez e seriedade no assunto
para que as crianças possam desde cedo aprender 
a respeitar e a valorizar as diferenças,
e a grande importância da herança cultural.

Falo de sonhos de liberdade
de acalanto de mãe para  seus filhos
rasgando a alma em lágrimas
dando o melhor de si, 
o que podiam ali, presas em terra estranha
uma boneca de trapos, rasgada da barra da saia
com nós tão fortes como a própria alma
deveras atormentada , mas na esperança de sobreviver
lutar pra viver e garantir seus direitos
ali sob o sol a pino ainda tão alienados.

Falo dos negros nas senzalas, moídos, 
alma, carne, sangue derramado
ora na capoeira, ou quilombos
lutando e chorando
pra hoje pintar nossa história
com todas as cores da África!


Paula Belmino


Através do livro Esperando a chuva de Véronique Vernette pela Editora Pulo do Gato, pudemos  relacionar de forma interdisciplinas assuntos e conteúdos tratados em sala de aula de forma lúdica e significativa.
A leitura se deu ainda em nosso projeto Chuva de Poesia, que trata sobre a importância da água , e tudo a que ela se relaciona como estados físicos, para que serve a água, os cuidados com a água para evitar doenças etc...
Além disso fizemos atividades que mostram o clima do nordeste e toda dificuldade que as pessoas no sertão passam nos anos de seca. Aliado a este lindo livro que acontece na África onde uma menina espera a chuva , pudemos trabalhar as semelhanças dos costumes africanos, as diferenças no modo de vestir, falar, comidas, rituais etc...
As crianças leram, interpretaram, fizeram a reescrita, ilustraram:





E hoje fizemos uma oficina de bonecas Abayomi , que significa "Encontro Precioso", ou "O melhor de mim " que é símbolo dessa resistência e conta que as mulheres presas ao navios vindo traficadas para o Brasil , á própria mão, rasgavam suas saias e criavam essas bonecas para acalantar os filhos, 
As crianças ouviram a história confeccionando suas bonecas, e vestindo-as com cores alegres como no livro Esperando a chuva, que também narra a luta de uma mãe a cortar lenha, a fazer o fogo fora da casa, a cuidar da filha que ansiosa aguarda a chuva, que por ali demora a chegar 



Depois de prontas puderam perceber que mesmo usando alguns tecidos iguais todas saem diferentes, e que não existe diferença na hora de dar o melhor de si, se é menino ou menina, as crianças todas fizeram suas bonecas com muito prazer para levar para casa e contar essa bela, real, triste para seus pais,, levando assim, à valorização de nossa cultura Africana e toda contribuição dos negros para nós, podendo assim reconhecer o poder feminino e da tradição cultural.

Olhem o resultado: