domingo, 17 de setembro de 2017

As Hortênsias de Nossa Alma



As hortênsias me chegaram às mãos pela ternura do olhar
um tempo de espera, de sonhos, um tempo de minha vida que é impossível deixar para trás.
Foi ainda na juventude quando deixei meus pais aqui no RN e fui morar com meus tios em Goiás , lá a tia Ivone cuidava com muito carinho e cuidado de hortênsias rosas e azuis no jardim verdinho, com intensa grama, algo que eu na minha vida toda até ali, nunca tinha visto, pois vindo do meio do sertão as flores tão delicadas não sobreviveriam ao clima tão seco. 
E foi assim também com cuidados afins, que vivi dois anos de minha vida, longe da família, longe do amor de minha mãe, e como uma flor eu via que a alma não resistiria aos ventos da saudade, a espera, à dor da solidão, sim, a me sentia solitária mesmo em meio ao novo,mesmo ao lado de novos amigos, novas oportunidades que me faziam crescer e se desenvolver. Era da família e do lar que eu mais sentia falta. E deixei assim que a vida me conduzisse pelos sinais da natureza. Tudo ao redor era saudade, menos quando eu via os jardim enfeitados, as grandes hortênsias florescendo como quem me dissesse tudo é um tempo!Era tanta água, tantos cuidados... E me fiz flor em meio aos espinhos.
O tempo passou...
As hortênsias voltaram novamente em minha vida quando tudo perdi... Meu primeiro filho, a saúde, quase a vida num trágico acidente, e numa  reviravolta do destino fiquei morando em São Paulo para me tratar, assim as flores se abriram novamente em meu olhar, na minha alma, quando venci as dores, as perdas, o luto aos poucos, dia após dia, um passo de cada vez, como as hortênsias que florescem todo ano, passando pelo processo de se revestir de formosura, sai da vida de espinho para contemplar as flores. Nesse tempo tive a satisfação e privilégio de ser agraciada pela maternidade, as hortênsias florearam meu coração... Um menina nasceu, terna, fina, delicada e todas as flores eram para ela.
Como pode ser a natureza tão sábia? Pinta, pincela de luz e cor, dá exemplo de resiliência em meio ao calor e à falta d'água, e nos mostra que é preciso paciência, esperança e fé para ver as pétalas perfumarem nosso sorriso, encantado de flor a vida.
E assim a menina Alice cresceu , sua primeira infância em meio às hortênsias.





Hoje voltamos ao sertão, por aqui não vemos hortênsias em florescência, mas elas estão lá na minha alma, no olhar da Alice que cresce linda e cheia de amor. A nossa alma  foi bordada de luz, e as hortênsias florearam nosso caminho, e guardadas intactas estão na nossa memória afetiva, e quando for tempo, sempre em tempo, Deus nos dará novas oportunidade de primavera, e voltaremos a acariciar as flores de nossa juventude, a sentir o perfume de nossa infância rebuscada.

É o tempo da delicadeza!


Paula Belmino

Texto real e inspirado na brincadeira da Chica no Brincar de Poesia
Para participar clica na foto!




Botando a cabeça pra funcionar 24


6 comentários:

chica disse...

Que linda história essa e que linda menina nasceu!ADOREI! Obrigadão! Pena que agora por aí não existem as hortênsias! VALEU! Levei o link! bjs, chica

Jack Lins disse...

Que linda história de vida querida Paula.
Eu me apaixonei pelas hortensias na minha primeira viagem só, tem um grande significado para mim.
Grande beijo e uma ótima semana.

Toninho disse...

Emocionante Paula seu texto neste recontar de histórias de sua longa jornada na vida, recheada de momentos duros desta vida, mas que superou belamente. A vida é assim, sabemos e por ser assim que crescemos na resiliência como coloca.
Uma participação bonita pelo fim que nela encerra com esta Alice que amamos a longo tempo e acompanhamos o crescer e desenvolver.
Valeu amiga e permaneçam as lembranças boas e alegres.
Carinhoso abraço e toda paz para vocês.
Bjs de paz amiga.

Lúcia Silva Poetisa do Sertão disse...

Já conheci um pouco da sua história que me contastes lá na Creche, a qual me encantou pela força guerreira com que você enfrentou tudo o que se passou naquele período difícil. Agora lendo essa história inspirada pela beleza da hortênsia, vislumbro o quanto Deus lhe fortaleceu, o quanto você foi amadurecendo e vendo o belo na natureza, suportando a saudade e a solidão na magnitude da mãe natureza e Alice? um renovo, um brilho forte e transformador na sua vida, uma linda e preciosa menina que é seu orgulho, sua vida, sua felicidade e para todos nós, também, uma menina de ouro.
Beijos no seu coração e no de Alice!

Anônimo disse...

Paula, forte história e assim como as flores, você aprendeu a crescer entre espinhos. Alice é a hortênsia mais linda deste jardim. E, filhos, nos fortalecem muito. Por eles, somos leoas. Beijo! Renata e Laura

Delicadezas da Mãe Natureza disse...

Que bela e forte história de vida!
Adorei a postagem, ver a Alice tão novinha e a hortênsia.
Aqui em casa tenho uma na cor azulada.
Interessante sobre esta flor é que a cor é devida ao tipo de solo, se é mais alcalino ou não.
Gratidão por seguir-me no novo blog.
abração com carinho