Há quem tenha muito medo de aprender matemática,por ser difícil, eu sou prova disso, em minha educação fundamental era um bicho de sete cabeças, talvez porque não ensinassem a matemática da vida, do dia a dia, e os exercícios não tivessem nada a ver com a realidade, ou nem usassem material concreto para que a criança em processo de alfabetização numérica e em processo de desenvolvimento do raciocínio lógico não tivesse em que se apoiar para resolver cálculos. Tive muitas dificuldades e creio que muitas crianças de minha época também.
Ainda nos dias de hoje e difícil aliar o lúdico com matemática em sala de aula, percebe-se que a maioria dos professores deixam que leitura e interpretação é coisa de língua portuguesa, brincadeira e poesia para artes, e matemática apenas pra calcular, apesar de que o lúdico, os jogos, o material de apoio concreto são importantíssimos na formação da criança para que desenvolva o pensamento crítico, raciocínio lógico e vença suas hipóteses, aprendendo assim de forma prazerosa , sem medo dos números.
Por aqui tentamos levar poesia em tudo que fazemos e uma educação "não bancária" onde a criança apenas memoriza, e vai guardando mil conceitos, mas uma educação que sirva para sua reflexão, conscientização, sensibilização e mudança em suas atitudes e procedimentos, que resulta numa aprendizagem eficiente e apta a usar fora de sala de aula, uma educação pautada no lúdico, partindo da brincadeira, da experimentação e da poesia, em todas as áreas do conhecimento, sempre inicializando os conteúdos pragmáticos e seguindo o plano anula, baseado no PPP da escola, orientações didáticas e regida pelas leis da educação, mas imergidos em muita leitura literária. Matemática então nunca fica de fora, afinal é pra entender com prática, com o concreto, para além do caderno de exercícios e do livro paradidático, e se tem um verso, uma rima, uma maneira de facilitar a aprendizagem, é poesia, vamos fazer valer nossa matemática poética, para um jogo de boa relações do cotidiano.
Recebemos um livro da Editora Rovelle: Guia do consumidor mirim de Maria Helena Estebam e veio a cair feito luva, ao ler para planejar minhas aulas, pois alio a leitura literária aos conteúdos pragmáticos, e contextualizando minhas aulas, sempre com muita leitura e poesia, percebi que as crianças iam gostar e aprender bastante e até levar o conhecimento dentro delas e repassando para os familiares sobre as relações de consumo.
O livro conta a história de uma turma que resolve fazer uma festa e ao irem ao mercado garantir as comprar e os preparativos, passam por muitos desafios e situações como a de encontrar propaganda enganosa, produtos com a data vencida, embalagens que não condizem com o real, falando assim em leis do consumidor e dos direitos de cada um pra garantir a boa compra.
As nossas aulas partiram dali para casa, pesquisando em casa embalagens, observando as compras com os pais, trazendo folhetos de promoções, comparando os preços, e depois de muita conversa e atividades as crianças escreveram alguns direitos do consumidor da forma como compreenderam, com quadrinhos, desenhos, listas , enfim, participativa.
Depois criamos um mini supermercado , com ações além de compra e venda, com o famoso escampo, e com o tema: Supermercado poético criamos juntos pequenos versos que seriam escritos no mercado como por ex:
Compre 1 KG de maxixe
E leve 1 kg a mais
de qualquer verdura ou legume
das cores iguais
A aula foi bem proveitosa, aliando também outro livro que recebemos da escritora Eloí Bocheco : Rimas e Números , que traz muitos probleminhas brincantes como por ex:
" No morro tem sete goiabas,
as setes são vermelhas.
Colho uma, colho duas,
deixo cinco para a abelha."
Ao criarmos na sala o mercado com as embalagens trazidas pelas crianças, elas mesmo escreveram os nomes dos produtos e preços, e iam colocando na embalagem, ao final de toda marcação de preço, usaram dinheirinho fake, para comprar e passar troco, tinha criança repositora no mercado, caixas, e cada uma ao escolher seus produtos pesquisava, via a data de validade, observava a promoção, qual mais em conta enfim, trabalharam com a moeda, usando o raciocínio lógico, sem sair do lúdico, da brincadeira, da experimentação e da poesia, afinal matemática é pra se aprender com prática, com o concreto , para além do caderno de exercícios, para a vida.
Para saber mais do livro:
A história é divertida, educativa e poderia acontecer a crianças de qualquer escola, lugar e tempo. Organizando uma festa, alguns alunos seguem para um mercado, onde passam por situações que ensinam muito a eles sobre as relações de consumo e sobre as leis que protegem os consumidores. Ao final do livro um pequeno guia reforça os conceitos e serve para uma consulta rápida da criança e dos pais.
Autor(es): Maria Helena Esteban
Ilustrador: Flávio Dalmeida
ISBN: 978-85-61521-50-9
Formato: 22 x 20 cm
Nº de páginas: 40
Gênero: Infantil
Tema: Direitos e deveres do consumidor; cotidiano infantil; consumo; preços; orçamentos; organização; planejamento.
Interdisciplinaridade: Língua portuguesa; Geografia; História.
Temas transversais: Ética; trabalho e consumo.
Faixa etária: a partir de 8 anos
Preço de capa: R$ 31,90
2 comentários:
Oi Paula!
Você bem expressou a tua dificuldade em matemática, que é também a minha e talvez de muitos de nossa geração. Tudo era tão distante do cotidiano, do emprego no dia a dia, nas tarefas, enfim...
Fico feliz que você se entregue de corpo e alma para esse ensino com atividades bem lúdicas. Essas crianças certamente já aprendem com outro olhar!
Para quando você tiver uns vinte minutos disponíveis, deixo o link de um programa que debateu o ensino da matemática no Brasil. Muito interessante. Beijo!
https://www.youtube.com/watch?v=bkh9J4_PZV8&index=10&list=PLdnZUpbQ9Pfl4KuEb__-zy1vQO-yaAgz6
Paula é muito lindo este amor pela poesia e de como voce contextualiza com muita inteligencia e amor ao que faz, fica sempre bonito o resultado final.
Eu não canso de elogiar esta sua determinação e viver poesia em todos os instantes.
Amo ler suas poesias.
Bjs de paz
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