quinta-feira, 20 de setembro de 2012

Árvore Generosa e Um Conto de Encantamento

 

 

É chegado o dia da árvore e eu pesquisando algumas atividades pois estou trabalhando o Livro a Árvore Generosa com meus alunos pois estaremos expondo as atividades e a partir dele trabalhando reciclagem, meio ambiente e temas afins, lembrei de que quando era pequenina em meus seis a sete anos meu lindo avô, contador de histórias e contos de encantamento contava a história triste e cheia de magia de uma menina  e uma figueira, lembrava um trechinho da música, pois estes lindos contos moram dentro de mim assim como meu avô perdura eternamente em meus sonhos e versos.Comentei por telefone com minha mãe pra ver se ela lembrava e ai ela disse uma parte e sai pela internet a buscar , e achei. Além de mágico, apesar de triste o conto me trás muita emoção e mesmo não sendo um conto de amor e de fadas, trás um sentimento que hoje percebo as crianças têm perdido, de misericórdia, de piedade, de sensibilidade em ouvir tais histórias. Pesquisei, li alguns blogs, vi alguns vídeos e percebi que a série Hoje é Dida De maria exibida na globo também foi baseada neste conto e que Cãmara Cascudo  resgatou em seus livros de contos populares acolhida com maestria esta linda fábula poética

 

 

A Menina e a Figueira

"Aconteceu em um lugar... havia duas casas. Em uma delas, morava um pai e uma filha que se amavam muito.
Na casa ao lado, vivia uma vizinha, que vivia sozinha. Isso porque era bem fofoqueira. Fofoqueira, mas apaixonada pelo pai. Mas o pai...

Decidida que iria se casar com pai, ela teve uma grande idéia: conquistar a filha, pra depois, conquistar o pai.

E todo dia, quando a menina estava brincando na calçada, a vizinha ia até ela e lhe dava um presente. A menina ficava muito feliz. E aos pouquinhos, foi gostando mais e mais da vizinha, até o ponto de querer que ela fosse a sua mãe!!!
 
Pois um dia, a vizinha disse à menina:
 
- Minha queridinha! Se você quiser eu posso ser sua mãe. Mas para isso, você precisa me ajudar a casar com o seu pai!
 
E a menina naquele dia mesmo pediu, pediu e pediu pra que ele se casasse com aquela mulher que era tão legal, tão legal, que podia ser a mãe dela!

O pai riu das coisas que a menina falava. Mas, vou dizer a vocês: a partir daquele dia, ele começou a olhar para a vizinha diferente, bem diferente!

Tanto que começou a gostar.

Tanto que começou a namorar com ela.

Tanto que se casou com ela.

No dia do casamento, a mais feliz dos três era a menina que já sonhava com a vida maravilhosa que ela teria daquele dia em diante.

Pois no dia seguinte, ela deitou a cabeça no colo da madrasta (sim, porque agora a vizinha era a madrasta dela) e disse: "ô, mãezinha, é hoje que você vai me dar um presentinho?"

- Presente? Que presente, menina! Você só pensa nessas coisas. Aliás, quer saber: poder começar a limpar esse chão. e depois pode lavar a louça, e depois tire o pó dos móveis e depois lave a roupa e blá blá blá blá!!!!!!!!!!

Mas não foi só isso:
 
- E mais: a partir de hoje, você não brinca mais nem aqui, nem na rua, nem em lugar nenhum, pois isso é coisa de crianças preguiçosa!!!!!!!!!!!
 
Foi assim mesmo: desde aquele dia, a vida da menina foi a mais triste das mais tristes vidas...
 
Mas o pior ainda viria: o pai tinha de viajar e passaria três dias fora de casa.
 
A mulher já começou a pensar no que faria com a menina.

Quando o pai virou a esquina, a madrasta estava na janela. Olhou pro jardim e viu: uma figueira, a árvore preferia do pai da menina. Ela estava cheia de figos.

A madrasta pegou a menina pelo braço, levou até o quintal e disse:

- Menina! E vou sair agora e você vai passar o dia inteiro aqui espantando os passarinhos dessa árvore. Quando eu voltar, se houver um figo bicado... Aah! Menina! Você não sabe do que sou capaz!
 
A madrasta saiu e a menina ficou ali espantando os passarinhos.
 
Até que ela ouviu o som das crianças brincando na rua... e foi brincar também!
 
Correu, pulou, subiu, caiu, levantou, gritou, riu... o dia inteiro. Mas o dia passou.
 
Quando a noite chegou, a madrasta também veio.
 
E viu os figos da árvore todos bicados!
 
Cheia de raiva, começou a cavar, cavar, cavar.
 
Puxou a menina e levou-a até o buraco... e jogou-a lá dentro.
 
E tapou, tapou e tapou.
 
Ai, a sorte da menina é que o pai desistiu da viagem. Quando olhou pro jardim, chamou logo o jardineiro.
 
Ele começou a capinar, a capinar... até que ouviu uma vozinha fraquinha cantando aos pés da figueira.

"Jardineiro do meu pai

Não me corte os cabelos

Minha mãe me penteava

Minha madrasta me enterrou

Pelo figos da figueira

Que o passarinho bicou

Xô! Passarinho, da figueira do meu pai!

Xô! Passarinho da figueira do meu pai!"
 
O jardineiro reconheceu a voz da menina e chamou o pai. Quando ele ouviu o canto da menina, começou a cavar, a cavar... e tirou a menina lá de dentro, ainda viva!
 
E olhe só: quando ia levando a menina pra dentro de casa, eles viram quem tentava fugir: a madrasta!
 
Ah! O jardineiro correu atrás dela e a segurou. O pai, quando olhou pra ela, disse:
 
- Você nunca mais vai fazer mal pra ninguém!


E foi assim mesmo: a madrasta foi presa e nunca mais fez mal a ninguém. Nem pra adulto, nem pra criança.
 
E dizem que o pai e a filha viveram muito felizes. Dizem até que ele se casou de novo. Mas dessa vez, a mulher foi bem diferente: era uma rainha pra ele e uma fada pra menina."
 
Esse é um conto popular bem antigo. Pode ser encontrado em várias versões diferentes e com vários títulos diferentes também.

Como diz aquele ditado dos pontos que vão aumentado ou diminuindo, à medida que a gente conta as histórias, essa é a maneira que eu gosto de contar esta história: trazendo-a pra bem perto da gente, da nossa época, sem que ela perca nada da sua essência: a crueldade da madrasta, o sofrimento da menina, o engano do pai, continuam marcados, formando essa trama, que poderia realmente ter acontecido em qualquer lugar. Quem sabe, bem na nossa rua.

E mesmo que não, a história continua reverberando a sua verdade dentro da gente.
 
 
**A foto de Alice por Rafael Sousa pro editorial Nanicos.Achei que vinha calhar os lindos cabelos a enfeitar este lindo conto de meu encantado coração
**Alice usa nanicos.Acessórios Coisinhas da Ny
Pra ouvir a canção clica aqui
 
 
 

7 comentários:

Bárbara Pata disse...

nossa que conto hein! não conhecia...rs E que venha a primavera!bjs em vcs duas!

Isabelly Nicole Medeiros disse...

Lindaaaaaaaaaaaaaaaaa

mirian disse...

Que lindo Paula!!!emocionante!!vou contar para Isa..ela adora!!!a Alice está linda demais!!!
bjooo Mirian e Isa..

mirian disse...

LIndo Paula...emocionante vou contar para Isa...bjjooo Alice tá linda!!!

Solange Maia disse...

Não conhecia a história... vou contar prá Bebela !

Fotografia lindaaaaaaaaa, Paula !!!!

filhota cada dia mais maravilhosa !!!

beijo carinhoso

Bugbee disse...

Que lindo, Paula! E a Alice linda também :)

Anônimo disse...

Não gostei nem um pouco desta madrasta... mas o conto está legal... parabéns..
20.............................