segunda-feira, 28 de junho de 2021

Dica de Livro: O garoto da camisa vermelha






A favela ecoa um estrondo
O barulho de bala tira o sono
Tira esperança, destrói vida.
Juninho se desafia a esquecer essa melodia triste, prefere ouvir histórias, sonhar acordado. Depois dorme sonha e ao acordar saiu para brincar, mas brinquedo ali não havia
O menino da camisa vermelha
Mora numa casa amarela
Bem no alto da favela,
Tão alto como o desejo de habitar outros mundos, que não seja o lixão, que não seja destruição.
Ali bem no meio do lixo, Juninho achará um novo caminho, um tesouro
Tudo poderá mudar.



📒 O garoto da camisa vermelha



Livro lindo escrito por Otávio Júnior e ilustrado por Angelo Abu publicado pela Editora Yellowfante

Este é mais um dos recebidos da parceria um livro para sonhar um mundo melhor para meninos e meninas que como Juninho têm o direito à vida, educação e uma infância feliz.

Para comprar

terça-feira, 22 de junho de 2021

Dilúculo

 



      Amanhece outra  vez.  Mas o dia traz o céu azul desbotado, e esconde o vigor das manhãs.        
     O sol tímido, parece demorar a aquecer, e  como quem boceja e se espreguiça,  vai deslizando pelo telhado, se esticando fraquinho, sem fazer alardes. De tão fraquinha a luz, o pouco  calor não acorda de vez todos os passarinhos,  e se ouve na manhã desalenta  apenas um piar aqui, outro lá. Talvez, filhotes de pardal famintos  chamando os pais. Dormiram mais? O sol parece não querer brilhar.
    O céu empalidecido  traz a manhã silenciosa,  melancólica.  A moça  abre bem a janela, e o gato que dorme, aos seus pés na cama se refastela, boceja,  lambe os bigodes, aperta os olhos, pisca e depois fecha, reabre-os outra vez quando as suas orelhas detectam um pardal no telhado baixo que ampara por fora a janela, impedindo que a chuva  adentre o quarto.
    O gato, assim como a luz do sol também se estica, desliza as patas, lambe-as espreguiça-se, levanta com cuidado, e com destreza pula à janela e se permite alongar em seu peitoral, ouve desatento o canto do pardal.  A manhã preguiçosa lhe acalma o instinto de buscar passarinho.
    A moça lê um livro, Clarissa de Érico Verissimo,  se transporta no tempo, na história,  para a vida da personagem  principal.  E sente que mesmo outra cena, outra paisagem se assemelha à sua. Uma manhã melancólica,  um sol tímido,  um céu desbotando azul, pincelam poesia.
     Há  silêncio, o pardal já não pia. Não se ouve o vento, a cortina não se move. Na janela o gato é calmaria.
    A moça  tenta escutar algum som, as galinhas do vizinho,  o galo que não cantou,  talvez por isso este sol macio. Não se ouve cacarejar algum, decerto no quintal da vizinha,  delicadamente, as galinhas  ciscam o vazio. Que comem? Não há minhocas , muito menos milho. Talvez se alimentem de um fio de luz tocando os grãos de areia, de  fantasia.
   O gato dormita, o livro fechado. O silêncio grita.
   A manhã se enche de doçura,  de sonho, de preguiça.  
   A moça fecha os olhos, esquece  o mundo e outra vez cochila.


 

Paula Belmino

quinta-feira, 17 de junho de 2021

Poesia dos pés à cabeça

 



Poesia é mais que saber ler, saber olhar

É o som, as cores, a natureza

A luz, o que reverbera.

E a escuridão que atravessa o espaço, e invade a alma.

Poesia está na natureza, no universo

Na arte,

Nos sentimentos, em todos os lugares.

Poesia é a forma de ver o belo, ou o triste

O grande e o ínfimo,

A razão e a emoção.

Poesia é o conjunto da obra

O criador e a criatura

O lazer e o trabalho

Criatividade e brincadeira

Poesia é alívio, e o que em nós arde.

Poesia é por abundância, o desenvolvimento da sensibilidade.

 

Paula Belmino




É assim o livro " Poesia dos pés à cabeça " de Adriano Bitarães Netto, ilustrado por Rubem Filho Paulinas Editora



O livro traz poemas verbais e não verbais, brincadeiras com as palavras, um jogo de brincar de ler de várias formas, com ritmos, com as peças que se montam e desmontam e remetem o olhar o cotidiano, a natureza, a nós mesmos, fazendo a gente compreender outra forma de ler o livro, a arte, o mundo.


Vejam a resenha por Alice




Festival Junino Literário

 


Vejam só quanta beleza, desenvoltura para recitar poesia, tem o Marcos Filho.

Ele é irmão de Laurinha lá de Mossoró que sempre recita meus poemas. Ele ao ver a irmã recitando, me pediu um também. E claro fiz uns versos para ele aprender pois este ano ainda devido a pandemia, as festas juninas são dentro de casa. Aqui não vamos acender fogueira, muito menos soltar fogos, mas na poesia tá liberado.

 

 

Festa de São João

 

 

São João chegou

É festa no arraiá

Bandeirinha colorida

E fogueira a queimar.

Milho assando na brasa

A meninada a dançar

Xote, xaxado e forró

Pra São João festejar.

São João é alegria

É cultura popular

Tem brincadeira divertida

E muita história pra contar.

 

Paula Belmino

.

 


segunda-feira, 14 de junho de 2021

A doçura viaja de ônibus







 




     Logo chegaria.
    Sempre no pingo do meio-dia, à  hora  em que o galo outra vez cantava, como se anunciasse  a morte às plantas esmorecidas por  falta d'água. O  mormaço aquecendo tudo, quase não se deixava enxergar a estradinha no fim da rua, e  ao se olhar bem longe, podia  sentir  o chão de tanto calor tremer.  Era aquela hora, da grande espera.
    O feijão macassar fervia no pequeno fogo à lenha feito lá fora no quintal,  e os  pratos à mesa junto aos talheres embaixo do pano de prato, branco e quarado, saído da faxina feita de varas cobriam também  os copos de alumínio.
     Logo a visita chegaria, estava mais perto que tarde.
     A casa estava arrumada.  Na sala, os tamboretes lado a lado e uma poltrona feita  de ferro, coberta por fios plásticos esverdeados era o lugar mais aconchegante reservado à  visitas. A cadeira parecia ser a única coisa verde naquele tempo amarelo árido.  Na sala,  ainda havia  uma rede  estendida, onde o filho único da visita,  estava deitado a se balançar enquanto a mãe  aguardava.
   Meio- dia e pouco,  sua esposa olha outra vez pela meia-porta, costume das pequenas casas do interior do sertão pra fazer as vezes de janela e deixar a gente pequena  subir  os pés  pela tábua de sustentação para espiar lá fora.  As crianças  ansiosas, toda hora observavam pela janela, à espera  das boas novas, assim como  a tia, a avó, o filho  e toda a família  tanto amavam: a grande visita.
     De repente, as crianças que já não aguentavam esperar  penduradas à porta, saiam para a calçada e gritavam:
    _Lá vem o ônibus da Jardinense!!
      No final da rua, um ônibus velho e empoeirado parecia nunca chegar ao destino, pois parava de casa em casa , para que os passageiros descessem. E à  vez que retornava a se movimentar  a gente podia já sentir o cheiro da visita ,o abraço carinhoso,  ouvir a  voz dela a nos perguntar:
 _ Como tá tudo aqui minha  gente? E sua avó? Cadê  meus netos? E sua mãe? Como tá comadre?
    O filho menor na rede dormia, suado pelo calor exaustivo.   O menino do meio e a irmã mais velha estavam já com os primos  na calçada.
     O ônibus enfim chegava e nossa  memória de doçura  reverberava numa voz forte e grave:
_ Oi minha gente! Que calor é  esse, minha filha?_ Dia dona Edite esbaforida, ainda nis degraus do ônibus
   Enfim Dona  Edite chegava. De pele morena, os cabelos curtos, pretos  brilhantes e encaracolados. Usava   óculos de grau, e com um lenço  limpava o suor da testa. Abraçava  os netos e pedia ao cobrador pra abrir o maleiro e tirar sua bagagem.
  O filho que já tinha levantado da rede vinha e dizia:
  _ A bênção mamãe?
  _ Deus te faça feliz meu filho!  Com amor Edite respondia e abençoava.  Dava-lhe beijo e pedia para trazer a bagagem.  Seriam malas?
    As crianças sabiam, o doce, a cor da vida , o perfume , o cuidado estavam ali guardados.
E o bagageiro do velho Jardinense se abria, e saía de dentro  balaios e caixas. Dentro delas mangas grandes e doces, e outras coisinhas  que para as crianças não importavam.
  A avó Edite  trazia sabor e gostosuras, esperança em fartura que fazia as crianças desdenhar o feijão  e o caldo, e preferirem  de almoço, as frutas, para se lambuzarem,  enquanto a avó Dona Edite,  na poltrona verde sentava para conversar, saber e contar as novidades, pois seria por pouco tempo, logo às  três horas da tarde, quando o galo teimoso cantasse saudade , ela se despedia,  ia pra calçada, pois o velho ônibus já retornaria de sua rota e para o sertão   outra vez a levaria.
   As crianças de barriga estourando e bocas lambuzadas das mangas,  davam adeus, e já  contavam os dias para esperar a visita que trazia amor, afago, e mangas doces.  A visita  que passava do meio- dia pra tarde, sentada na cadeira de fios verdes e boas histórias contava.
    Um ônibus  rangendo pela estrada, velho  e empoeirado, chegava e trazia mais que passageiros, trazia o amor, transportava  pequenas lembranças,  a grande felicidade.

Paula Belmino

quinta-feira, 10 de junho de 2021

O Espantalho e a Vassoura na Festa de São João



Era uma vez um espantalho que vivia na roça, com sua roupa xadrez esfarrapada e seu chapéu de palha já desgastado pelo sol. Dia e noite feito estátua, o espantalho solitário, já andava cansado de sua fatigante atividade no servir-se de espantar passarinho.

O espantalho sonhava poder sair dali, e poder conhecer outras pessoas, pois só vira algumas vezes o dono do roçado, sempre sério e calado a plantar sementes de milho.
Ali sozinho, sem amigos tomava chuva e muito sol, e via o milho nascer e crescer. Ao tempo de colher as espigas de milho verdinhas, o roceiro trouxe consigo os filhos, três rapazes bem diferentes do pai. Um ao fazer o trabalho de quebrar as espigas cantava, outro enchia os sacos e antes de colocar na cabeça dançava. O terceiro gostava de falar em versos rimados bem alto:
-Cuidem do serviço,
Que hoje é dia de São João
Deixem pra dançar à noite
Que quadrilha é tradição.

O espantalho que ouvia tudo, imóvel e sem chamar atenção de nenhum deles queria muito saber como era uma quadrilha, pois estático como era, gostou muito de ver os rapazes numa alegria, no movimento de cantar e dançar.
Quando estavam finalizando de encher os sacos com a grande montanha de milho verde e outras já secas, ele viu que sobre a lona restava alguns muitos grãos, e prontamente para juntar e ensacar, um dos rapazes foi na caminhonete pegar uma vassoura. Voltou cantando, dançando com ela e varria, juntava os grãos, cantava e dizia:
_É hoje que eu me acabo de dançar no arraial.

Os outros irmãos riram e disseram:

_ Só se seu par for a vassoura!
Os rapazes apressaram-se para voltar a cidade, subiram os sacos de milho na carroceria da caminhonete velha. Pegaram a lona, cobriram o milho e foram embora esquecendo a vassoura e o espantalho que a tudo assistia.
Quando tudo se fez silêncio, o espantalho que já tinha a costura da boca rota e desalinhada, pode falar e cumprimentou a vassoura, quis saber dela como era poder se movimentar, dançar, e o que era uma quadrilha. A vassoura que era acostumada a limpar os salões de festa contou-lhe da alegria da festa junina, das comidas feitas com o milho, das danças e da música, do forró de Luiz Gonzaga, da grande cultura Nordestina.
O espantalho ficou tão feliz que sonhou acordado, queria fazer parte desta festa e poder se movimentar. Mas sua sina era está ali de braços abertos, fosse inverno ou verão, espantando os passarinhos para não invadirem a plantação.
Conformado com sua lida, triste agradeceu a vassoura por lhe contar tudo. Já ia voltar a sua obrigação quando ouviu ao longe um barulho de carro. Eram os irmãos voltando. O que teriam esquecido? Havia ainda milho ainda para colher ou plantar?
O carro quase desenfreado parou. Da cabine saltou o rapaz trovador e correu, pegou a vassoura esquecida, que sorriu ao espantalho e disse adeus. Mas por sorte, e para a alegria do espantalhinho, o outro rapaz que amava dançar, de sorriso no rosto, do carro também desceu, veio e lhe tirou do pau em que estava pregado e o jogou junto à vassoura, os dois em cima da caminhonete e falou:
_ Vamos embora, que hoje pra festa vocês vão, e eu também vou!
E foi assim que o pequeno espantalho virou enfeite nas festas juninas, e sempre é tradição, de mãos dadas com a vassoura, enfeitarem o salão. Mas o que ninguém vê, disfarçados de caipirinhas, em meio à multidão, a vassoura e o espantalho, rodopiam a noite inteira e gritam:
_ Viva São João.

Paula Belmino

Vejam o vídeo da professora Rozineide Dantas lendo para suas crianças na videoaula.



quarta-feira, 9 de junho de 2021

Quando chega Junho

 



Laurinha lá de Mossoró não perde uma oportunidade para ler e recitar poesia.

Sob mediação da tia Rozineide Dantas, sempre atenta à leitura
Hoje recita meu poema:


Festa Junina
Mês de Junho chega
Trazendo muita alegria
Festejos tradicionais
Cultura, brincadeira e folia.
Festa junina é
divertimento
Brincar no pau de sebo,
Enfiar a faca na bananeira,
O mastro erguido saúda
Santo Antônio, São João e São Pedro.
No quintal a fogueira em brasa
E bandeirinhas coloridas
Chamam a criançada
Para celebrar feliz a vida.
Brincadeira à noite inteira
Jogo de argolas, tiro ao alvo
Barraca de maçã e do beijo
E até corrida de saco.
A música tá animada
Forró, xote e baião
Na quadrilha os caipirinhas
Rodopiam pelo salão.
Festa junina no Nordeste
É grande celebração
Da chuva que faz nascer a semente
E a colheita do milho e do feijão.
Tem pamonha de milho verde
Milho cozido e assado
Bolos, pipoca, canjica
Muita fartura do roçado.
Brinca Maria, brinca João
Dança adulto e criança.
É tempo de festa junina
Mês de fé e esperança.

Paula Belmino