sábado, 25 de abril de 2020

Madeixas






Ela pediu à mãe para pentear-lhe os cabelos. Menina moça que era, há tempos já se cuidava sozinha, mas como a alma insistisse em voltar a ser criança, entregou à mãe a escova e a cabeleira cacheada de um perfume fresco de cabelos molhados para que a mãe desatasse o emaranhado de nós.
A filha sentou-se no colo da mãe, próximo ao seu corpo, deixando-se ser cuidada, como quem nunca tivesse crescido. Enquanto a escova deslizava, as mãos da mãe acariciavam além da cabeça crespa da filha, acariciava o ego, sua alma. Sua criança estava ali, de volta à infância, como se nunca o tempo tivesse passado, a filha ainda pequena ali pertinho, a um fio de cabelo de distância, e, em suas madeixas a mãe percebia a força e o vigor a se confundir com o próprio cabelo, agora já branco e frágil.
Cada nó desmanchado era um desatar de tensões em seu coração, tragicamente enrolado em sentimentos e saudades de quando cada cacho da pequena era embalado em maria-chiquinhas coloridas a lhe convidar para brincar.
Os fios negros do cabelo da criança lembravam-lhe as noites em que ela sonhara ser mãe de uma menina, um anjo barroco , com cabelinhos de molas, um sonho agora real, bem ali entre escovas, cremes, cuidados e cafunés.
Ao lembrar do sonho, agora tão vivo e concreto, a mãe afagou com amor a cabeça da menina moça, cheirou, beijou, alisou bem os cabelos. E, a cada escovada, massageava o seu próprio coração. Afetuoso afago de uma mãe no cabelo de sua menina moça entregue ali, entre suas pernas, como se a cada instante um novo parto a trouxesse novamente para bem junto dela, para dentro de si.
Paula Belmino


sexta-feira, 24 de abril de 2020

Embrionários do afeto




Carícias fecundas
geraram a humanidade.
Fomos feitos pelo toque.
Somos embriões do abraço
e do afeto.
Há uma relação entre criador e criatura
Afinada loucura, que nos refaz,

O carinho, o amor.


Em solidão,
Confinamento,
Buscamos afetuosidade,
Entregues à dependência
do outro, para sermos um só.
Cafuné no outro, no ego
para afagar a própria alma.


Como sempre foi:
Homem e Criador,
Bicho e árvore,
Corpo e espírito,
Unidos pelas emoções
pelo toque,
Para nunca se perder
a essência da criação.


E acariciados, reencontrarem-se
sempre,
Embrionários pelo afeto.


Paula Belmimo


segunda-feira, 13 de abril de 2020

Caçadora de Borboletas






Acordo cedo com o canto do galo no quintal, e os passarinhos fazendo festa em minha janela. São pequenos pardais e colibris, rolinhas e pombos a rulhar, quem sabe um galo de campina desgarrado de seu bando, numa melodia afinada a chamar o sol.
A luz chega ao meu quarto, entra pelas frestas das portas, e das janelas, e por cima de meus olhos, abre as fendas de uma noite em pesadelo ou ansiedade. A luz e a cantoria da passarada iluminam minha alma e me convidam a ir para fora.
Escorrego-me entre os lençóis, espreguiço-me ainda cansada, piso o chão com firmeza de quem sabe está tudo bem, apesar do caos dentro de si. E com a alegria de viver a primavera, arrasto-me para sair da penumbra.
Jogo água nos olhos cansados, e aperto-os bem, é preciso abrir a visão para o que me espera logo ali. Ponho os óculos e saio, e eis que no quintal a pequena Buganvília florida, sobre ela apresenta-se um gracioso balé de flores a dançar com o vento a se abrirem às muitas borboletas, umas estampadas, outras bordadas, amarelas, alaranjadas, pretas e brancas. É quase impossível dizer qual delas é a mais bela.
 O sol queima minha face, esquenta minha cabeça, mas o vento da manhã refresca a minha alma e me perco ali, a voar com as borboletas, leve e feliz.


Esvoaço-me com asas de sonho, enxergo as cores e as formas das flores, em contraste com o céu azul claro, um quadro mágico que pincelo, enquanto me imagino ser o fruto seco no galho, onde o pequeno pássaro alisa sua asa. Já não sou mais eu, sinto-me também ser fruto,  e de repente, já sou ave.
Devaneio, ora sou folha a farfalhar no telhado, ora sou ave a piar, sou vento a dançar e também sou a cor azul



Fecho os olhos por um instante, como quem não quer acordar do sonho,e ao abri-los prendo a atenção  no pistilo da pequena flor que se abriu. Está ali o que mais me torna feliz: a borboleta a brincar de ser flor e folha a voar, beija e ama, esvoaça e pousa. Leve bailarina de vestido colorido a enfeitar o jardim.


Só assim o dia amanhece, e me despertam passarinhos, galos de campina e a luz da manhã. Canta dentro de mim o terno sonho de ser como as borboletas, leves e livres. Por  isso vou à caça delas todas as manhãs onde meu olhar cansado pode avistá-las, mesmo tendo a certeza que as almas das borboletas  sempre se acasulam em mim, e quando o sol rompe a aurora, elas abrem as asas e fazem panapaná para sair por entre meus olhos de volta ao jardim.

Paula Belmino


sexta-feira, 10 de abril de 2020

Redoma







Recolhem-se do próprio ego,
Humildemente aceitam-se
Renegados,
 Na incapacidade do eu,
De superioridade abstraída,
Guardam-se, despem-se,
No próprio íntimo emudecem
Voltam ás origens, tessituras,
Reflexão prevista
O que mais importa na vida?
Do avesso se pegam
Desconectados das riquezas
e  da supérflua vaidade,
Apenas resguardam-se
No sonho que é estar em casa,
Ao lado de quem se ama,
À deriva dos sonhos
Em  redoma, se mostram pequenos,
Cacos de vidro,
De volta ao útero do mundo
Numa bolha, bem guardados,
Deixando-se serem soprados,
Talvez por outros ventos de sorte
Que tragam a paz, a vida,
E seres humanamente melhores.

Paula Belmino

terça-feira, 7 de abril de 2020

Eric faz tibum de Emily Mackenzie




O livro nos incentiva a desprender-se do medo e
saber enfrentar o que a vida nos oferece
 e analisar a situação e pesar o contra e os prós e se aventurar, sabendo que as oportunidades da vida passam e é
por meio delas que aprendemos, crescemos e nos desenvolvemos.
Sabendo se aventurar a gente socializa sentimentos e sensações e também compreender que é normal sentir medo do novo, e receio de enfrentar os próprios limites.
No livro Eric faz tibum de Emily Mackenzie com tradução de Gilda de Aquino Brinque-Book, o personagem principal conta com a ajuda da amiga
  Flora,que incentiva Eric para que ele  consiga aproveitar as oportunidades da vida e também aprenderá que a melhor de todas elas é a amizade.

Um livro lindo que fala de amizade, de enfrentamento do novo, do desenvolvimento e do gerenciamento das emoções comuns a cada um de nós.

Em dias de distanciamento social, ler sempre!


Vejam a dica por Alice

segunda-feira, 6 de abril de 2020

Tem Rato no Hospital



A dica de livro hoje é muito importante!

Tem rato no hospital foi escrito por Giovana Kreuz e ilustrado por Cris Agostinho, publicado pela Editora InVerso

Um livro que trata sobre um momento difícil que é a perda da saúde, a perda de uma pessoa querida.
Oportuno para o momento em que nós estamos enfrentado onde a saúde que nos é tão valiosa corre perigo, por causa de um vírus que tem parado o mundo e tirado tantas vidas, nos fazendo refletir sobre prioridades e mais do que nunca valorizar o tempo em que estamos com nossa família e com quem amamos. 


A historia Tem rato no hospital conta a história de
Bibi, uma menina alegre e doce e tinha um bichinho de estimação bem diferente: Um hamster, que muita gente confunde por rato, mas que na verdade um pequeno roedor, também como o rato, mas não tem cauda longa .




Essa historia foi escrita para homenagear muitas crianças a quem a escritora que é psicóloga já tratou como paciente.
Bibi de uma hora para outra sente uma dor e precisa ser internada, e é ter um exame e outro descobre -se uma grave doença que impede a vida normal que ela tinha, e agora precisa viver num hospital, longe dos amigos, da Escola, da família, do seu amiguinho rato(hamster), e também é bilíngüe. 


No hospital após muita tristeza a menina Bibi descobre o valor da amizade quando conhece Lulu , um menino que tem a mesma doença que ela e vive no hospital.
Além da doença a menina Bibi precisará enfrentar a perda de seu amigo e contará com o amor de seu avô.
Um livro lindo para se repensar nos valores, no enfrentamento dos problemas, e como enxergamos a prioridade que damos à algumas coisas.

Uma história triste, mas vitoriosa para tantas crianças e suas famílias pelo mundo afora.
O livro traz também curiosidades sobre o Hamster e ainda um desafio para o leitor recontar sua própria história de vida , pensando em suas lutas e vitórias, percas e ganhos.
Alice leu para Charlotte e ficou muito emocionada com o livro:

domingo, 5 de abril de 2020

Livro Nosso de Cada Dia- Ciranda Literária



Livro é pão, alimento,

Água e luz.
Sacia, refresca,
E ilumina a alma
De quem anda faminto,
Sedento,

Perdido na escuridão.

O livro para o distraído
É caminho, é diversão.
Para o triste é alegria.
Ao solitário, companhia.


Para quem busca onde morar
O livro é casa, é abrigo.
É a liberdade de
na imensidão saber voar.

O livro é habitat!

Paula Belmino

Como as crianças estão em casa e nem sempre tem acesso à diversidade de livros, principalmente porque nesses dias as escolas e as bibliotecas escolares estão fechadas, faz-se necessário alimentá-las de Poesia e de conhecimento, de alento e alegria que vem dos livros.
Assim vamos cirandando histórias, poemas, livros na voz dos autores: " Juntos leitores e escritores, cada um em sua casa, cirandam esperança por meio dos livros!"


O Ciranda Literária é um projeto de incentivo à leitura idealizado pela Coordenação de Salas de Leitura e Bibliotecas escolares junto à Secretaria Municipal de Educação e conta com o apoio de todos os professores para que juntos possamos vencer este tempo de distanciamento social e unir escola e família através das histórias e da poesia na voz de autores que voluntariamente e de bom grado participam deste ação que tem por objetivo garantir aos alunos o direito à leitura, cabendo aos professores e mediadores de leitura compartilhar com as famílias via redes sociais os vídeos de leitura e desafios propostos pelos escritores.

Paula Belmino



Logo venceremos este tempo de isolamento e poderemos colocar em prática leituras dos variados livros na escola.
Alguns autores já deixaram sua participação em nosso projeto de incentivo à leitura lendo para as crianças, recitando, desafiando a brincar com os livros

Vejam alguns autores participando da ação:

Roseana Murray




Lalau Simões


Autora Miriam Oliveira



Autor André Luis de Oliveira 



Autora Marcia Paganini



Autora Neide Graça



Saibam mais das nossas ações curtindo a nossa Página Ciranda Literária no Facebook

https://www.facebook.com/Ciranda-Liter%C3%A1ria-329432564482226/


sexta-feira, 3 de abril de 2020

A Menina Que Sabe Chover. Escola Francisca Avelino




Chove

A chuva cai,
traz a esperança suave.
Chuva de paz.

A chuva vem,
de poesia infinita
no olhar de alguém.

A chuva planta:
sementes de alegria,
e cidadania implanta.

A chuva molha
de  versos a alma
 de quem um livro olha.

A chuva rega bondade,
em quem na leitura
encontra a solidariedade.

A chuva floresce
amor pelos livros
e deles nunca mais se esquece.

Paula Belmino


Foi assim que vivi uma Chuva de Poesia na Escola Municipal Francisca Avelino em Parnamirim, ainda antes da quarentena.


A Mediadora Ezilda Pinheiro fez um trabalho lindo, junto com a equipe de professores de arte, música, e a gestão se uniram para fazer um lindo Sarau apresentando  A menina que sabe chover, com as ilustrações de Francisco Dam pela Editora Inverso
Durantes as semanas de fevereiro, os alunos puderam ter o contato com poemas de meu livro A Menina Que sabe chover e e outros como Asa de Borboleta, lindamente apresentado pelas crianças.




O sapo Julião também se fez presente e arrancou gargalhadas e encantamento no olhar das crianças


Pude falar um pouco da minha trajetória para as crianças e a comunidade escolar e recebi muitos abraços




Houve também troca de livros, eu e Geraldo um dos responsáveis e coordenadores do projeto Rio de Leitura
Trouxe seu livro Viagens e a Alice amou!



 Agradeço a toda escola pela linda festa da poesia em escolher minha obra. Que a chuva caia e molhe, plante em cada coração a esperança de dias melhores!


*Fotografias de Rio de Leitura


E você já leu A Menina Que sabe Chover?
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