terça-feira, 6 de maio de 2014

Saudosa Baraúna


























Um fato triste aconteceu esta semana com a árvore centenária que deu origem à nossa cidade Lagoa Nova RN, depois de uma forte chuva tombou e  nos deixou reflexivos: O que poderia ter sido feito para que outras árvores semelhantes a ela tivessem sido cultivadas? não seria possível ter feito um parque, um santuário, um pouco mais de cuidado, mesmo sabendo que pelo tempo de vida dela isso teria acontecido? O tempo chega para todos os seres vivos e talvez nada pudesse evitar o ocorrido.
Fica em nós a tristeza de ver uma árvore tão grande ruir e levar nossos sonhos, nossas lembranças. Na escola estamos trabalhando o projeto a cidade e o campo e na segunda-feira levei meus alunos junto com outras professoras de Educação Infantil para que eles pudessem ver, e lamentar, e  registrar nossa perca para que ao menos pudessem passar para seus filhos , uma última visita á sombra de quem deu origem á nossa cidade natal. As crianças lamentaram, sofreram com a gente e por fim restou-me fazer essa poesia para juntos expressarmos nossos sentimentos:

Saudosa Baraúna

Ah! que dó e saudade
De um tempo que não volta mais
Da sombra da baraúna
Garças que ao encontro da lagoa
Voavam  cantando em paz.

Brincar embaixo da gameleira
Sua árvore geminada vizinha
Entrelaçadas pelo tempo
A natureza lhes uniu
Para que não crescessem sozinhas.

Quantas crianças
Catavam e contavam sementes de mamona
Brincavam sob o seu céu
Corriam na areia pelo vento varrido
Brincavam de passar anel.

Ah! saudosa baraúna
Nossa vida, nossa memória
Origem da nossa cidade
Berço de amor
Flor da nossa história.
Foi-s e o tempo do abrigo
Dos ninhos para os pardais
Dos galhos para os balanços
Lugar de prece e oração
Foi-se e não volta mais.

Meninos e meninas
Nadando com os peixes na lagoa
Descansando em tua sombra
Ah! minha velha baraúna
Quanta lembrança boa!

Viste tantos encontros
Ouvistes tantos segredos
Mas o tempo passou
Com o vento voou
E ficaste só tu e o medo.

Medo da solidão
Da ausência de teus amigos velhos que não mais te visitaram
Envelheceram contigo
Alguns se foram, voaram
E com saudade te deixaram.

As crianças deste  tempo
Já não correm sob os teus galhos
Não te conhecem, não te visitam
E em tua velhice
Choras teus ais pelo que é quase findado.

A morte pra ti  vem chegando
E em nosso coração deixas  dor
Em tua caída, estremeceu nosso amor
Saudosa baraúna
O tempo final pra ti chegou.

Pedindo socorro a tanto tempo
Desejando um abraço
Alguém que olhasse pra ti com ternura
E mudasse o teu estado
Ah! baraúna querida saudade é teu nome,teu espaço,  teu regaço.

Paula Belmino
*Fotos Lagoa Nova Destaque

Observação: Minha mãe Cicera Simões é a menina que brincava sob a sombra da baraúna e catava mamonas, sementes que eram valiosas e com que vestiu seus irmãos mais novos, em momentos de trabalho e brincadeira, sonho e realidade sob o ar fresco desta árvore tão linda.

8 comentários:

Toninho disse...

Quando uma arvore como esta tomba, tomba um pouco de cada um de nós Paula. As lembranças, as historias tombam juntas.
Ficam as imagens, a poesia para alertar que outras não tenham um final prematuro por falta de cuidados devidos.
Uma boa semana de paz e alegria.
Meu terno abraço amiga.
Beijo

Anônimo disse...

Um grande tributo a esta magnífica árvore, parabéns Paula.... triste muito triste este acontecimento...mas fica a lembrança as imagens e o poema.

Mimirabolante disse...

É uma pena que tão poucas pessoas valorizem a Natureza !
Beijocas e mt obrigada pelo apoio e o carinho de sempre

Tina Bau Couto disse...

Que triste e que linda homenagem, poema, lembranças, sentimentos.

Vi vc dizendo lá no blog da Ana Paula que tinha post triste ai pensei, fofoca ou bem aventuranças anunciadas, tem platéia certa, vou ver do que se trata, dar uma força, aprender, agregar.

Que hajam sempre Baraúnas brotando e se mantendo vivas e vidas acompanhando!
Que mais se faça pela natureza, sua preservação e valorização!
Que fique a reflexão que todos temos um um fim, árvores, bichos, pessoas e deixar sementes, sejam de outra vida, de lições, de memórias, é perpetuar.

Tina Bau Couto disse...

Fui buscar para compartilhar, possa ser que você já conheça esse cronicalizar poético, pelo sim, pelo não, segue:

Todas as vezes que nos deparamos com problemas em nossa vida, observamos o quanto somos frágeis. As alegrias se vão e só fica a verdade de que somos impotentes para lidar com adversidades que surgem no decorrer de nossa existência.
Deus nos deixa lições interessantes em sua criação para nos mostrar o contrário, que o homem foi criado forte e que essa força é sempre adquirida e absorvida dessas situações adversas.
Você conhece uma árvore chamada carvalho?
Pois é, essa árvore é usada pelos botânicos e geólogos como um medidor de catástrofes naturais do ambiente.Quando querem saber o índice de temporais e tempestades ocorridas numa determinada floresta, eles observam logo o carvalho (existindo no local, é claro), que naturalmente é a árvore que mais absorve as conseqüências de temporais.
Quanto mais temporais e tempestades o carvalho enfrenta, mais forte ele fica. Suas raízes naturalmente se aprofundam mais na terra e seu caule se torna mais robusto, sendo impossível uma tempestade arrancá-lo do solo ou derrubá-lo. Mas não pense que os cientistas precisam fazer essas análises todas para saber isso! Basta apenas eles olharem para o carvalho. Por absorver as consequências das tempestades, a robusta árvore assume uma aparência disforme, como se realmente tivesse feito muita força.
Cada tempestade para um carvalho é mais um desafio a ser vencido e não uma ameaça. Numa grande tempestade, muitas árvores são arrancadas, mas o carvalho permanece firme. Assim somos nós. Devemos tirar proveito das situações contrárias à nossa vida e ficar mais fortes. Um pouco marcados. Muitas vezes com aparência abatida, mas fortes. Com raízes bem firmes e profundas na terra.

Ana Paula disse...

Paula triste e lindo seu poema e sua postagem.
O tempo que chega, mas também a natureza precisa ser renovada com iniciativas como as que voca6e pontuou - parques, santuários.
Preservar é necessário. A ganância imobiliária, de grandes produtores está devastando nosso planeta.
A visita das crianças certamente foi uma linda homenagem e reflexão.
Beijo.

Tina Bau Couto disse...

Não é de minha autoria esse texto sobre o carvalho, com a pressa e envolvida em passar a mensagem não pontuei, nem coloquei entre aspas, peguei de meus guardados e coloquei aqui.
Fui no seu face pelo de minha sobrinha, mas pelo blog é como podemos trocar figurinhas, pois não tenho perfil lá.

Tenho instagram :)

Bjos!

Maurélio disse...

Eu deixei um comentário mas creio que não foi postado no texto.
Meu prazer é sempre estar aqui com vocês, aplaudir o seu sucesso e desejar que sempre continuem nesta senda maravilhosa da poesia, das exibições da moda jovem e da amizade maravilhosa que nos une!!!
Beijos