sexta-feira, 5 de maio de 2017

Marias do Sertão






Marias somos todas nós
De pingo em pingo
Juntando na mão a esperança
da água farta a molhar a alma
sem que seja a água salgada
que escorre dos olhos em lágrimas.


Marias conscientes
donas do mundo
de bondade molhadas
levam a lata na cabeça
De pingo em pingo
E com flores adornadas
Juntando água



Pra lavar o filho
Fazer chá e lava-pés
alento que mata a sede
Maria que bondosa tu és!



Marias somos todos nós
que cuidamos da terra
e nos preparamos na falta
sobrevivemos à seca
à escassez, a falta d'água
e à dura incredulidade.


De guarda-chuva aberto ao contrário
As Marias não se protegem da chuva
Entram debaixo dela
querem mesmo é se molhar
Se banhar, e benzer a cabeça
O corpo e a alma.



Marias encantadas
Abençoadas
Marias que sabem bem viver!
São assim as Marias
Levando na cabeça sob a rudia
o líquido precioso



Nas costas água no galão
No regador amor pela flor
Lá se vão as Marias guardiãs!


Compondo a vida
Guardando água em cisternas e cacimbas.
Cuidam de rios e lagoas
Guardam no coração
De pingo em pingo
Com suor de seu trabalho
As águas de cada manhã.
E á elas dão proteção
Cuidam, reciclam, reutilizam
São benditas essas Marias no sertão!



Marias somos todas nós
que ansiamos a chuva,
a boa água
clara, límpida, transparente
Pra beber, lavar, banhar, benzer, revigorar.
marias que esperam ansiosas
uma chuva de poesia
Pois todas as Marias
sabem o quão bom é receber
a chuva de amor
Enchendo todo seu ser.


Paula Belmino


Estamos trabalhando na escola juntamente com a estagiária Késsya Gomes o projeto Chuva de Poesia, que tem como tema principal o uso consciente da água e de forma interdisciplinar engloba os conteúdos, valores, arte, e cultura e claro todas as formas de expressão, com poesia, música, teatro, e releituras de obra de arte, que hoje a inspiração veio da artista Maria Cininha com suas personagens lindas e lúdicas: As Marias, todas conscientes com o uso da água. 



Iniciamos a aula onde o rei do Baião Luiz Gonzaga em sua música asa branca retrata a dureza da seca e todo cenário de uma terra que enfrenta grandes desafios no tempo de estiagem.
As crianças cantaram, leram, fizeram a interpretação e encenaram usando instrumento musical típico do homem sertanejo como por ex o triângulo.



Após toda roda de conversa e aula expositiva, vídeos sobre o sertão, clima, meio ambiente, e a conscientização de se plantar mais, de reutilizar a água, de saber guardar para não faltar, as crianças puderam conhecer um pouco d a história de seus pais e avós, quando ainda era mais difícil conseguir água, num tempo em que nem saneamento básico ou água encanada havia. As crianças puderam ver as marias usando baldes, pau de galão, tonéis, barris etc e toda maneira de como a água chegava até suas casas.
Por fim as meninas se trajaram como as Marias, desfilaram ouvindo o poema pelo jardim, e fizeram a releitura da obra usando giz de cera, com vivência lúdica, e poética para uma conscientização eficaz de que poupar água é urgente.

Algumas atividades da releitura com giz de cera das crianças





Vejam o vídeo:


3 comentários:

Gracita disse...

Arte,criatividade e ludicidade numa aula envolvente e mágica
O objetivo certamente foi alcançado e estas crianças aprenderam uma rica lição
Parabéns pelo magnífico trabalho
Um abraço

Bolhinhas de Sabão para Maria disse...

Olá Paula.. que gracinha de releitura.. As Maria ficaram muito bem representadas nesse trabalho lindo, cultura e de amor...

Amei tudo.. muito rico e criativo seu trabalho! Admiração!

Beijos

Tê e Maria ♥

Toninho disse...

Que prazer ler uma poesia assim numa verdadeira loa às Marias deste nosso nordeste, que se doam pela manutenção dos filhos num sertão cada vez mais agreste e agressivo com a falta de água. Marias que vão atrás de uma gota de água para umedecer os lábios de um filho sedento.
Marias do sertão que não sabem o que é moleza na vida e se entregam de corpo e alma numa luta desigual com a degradação da natureza e ainda creem numa conscientização de cuidar do resto que resta.
Aplausos Paula e linda sua leitura no video.
Um abração amiga poetisa