domingo, 8 de março de 2009

O Pequeno Príncipe Na Minha Casa



Momentos lindos de minha infância foram trazidos à memória numa leitura, num piscar de olhos em torno das palavras do pequeno príncipe.
Tudo acontecera há cerca de vinte e cinco anos.Eu na minha inocência de menina, mas sempre curiosa e esperta, atenta ás coisas ao meu redor, envolvida por livros didáticos, que minha professora tinha na sua pequena estante, na verdade uma cristaleira, mas nada comparada as tradicionais vendidas na época, de madeira maciça para guardar cristais de vidro.
Na humilde sala de minha casa só tinham duas cadeiras de balanço feitas de fio plástico, algumas almofadas no chão, a máquina de costurar em que minha mãe fazia com carinho nossos vestidos, meus e os das minhas irmãs.Todos de mesma fazenda, comprada na loja do Zeca, aonde eu ia feliz escolher com ela quando algum dinheiro dava pra comprar as roupas, ou duas vezes por ano, uma no Natal e outra na festa do padroeiro que era linda e pra mim nada de religião, mas sim a magia do parque, que eu sempre ia, mas saia tonta do carrossel.
A saleta era simples , mas na cristaleira pequenina havia uma riqueza infinita que a pobreza de minha casa ofuscava.Lá existiam os livros, contos, fábulas, poesias que eu lia com afinco e destreza nos meus seis ou sete anos, mesmo não compreendendo todo o vocabulário.
Ali eu me transformava, era princesa, era rainha, era mocinha, era a menina Sacha amiga do pardalzinho de Manuel Bandeira.
E o pequeno Príncipe?
Esse era caro demais para minha casa, mas no armário de minha vizinha eu o descobri, entre adesivos no guarda roupa dos filhos da primeira dama da cidade, eu passava as manhãs ajudando a moça que arrumava a casa do prefeirto e adorava quando ela ia arrumar os quartos pois era neles que eu podia ver os adesivos com as frases do pequeno príncipe.Um livro pra mim com muitas letras, mas cada uma que eu li eu guardei com lembrança de um amor sem igual e um significado especial, o de que gestos e palavras mudam o coração, que não é preciso riqueza pra ser feliz, basta ser simples e fazer o bem, basta ler e ser transformado, que a imaginação mora dentro de nós o podemos ser quem desejarmos.
Minha casa humilde foi berço de lindas experiências, e a biblioteca de minha mãe contribuiu para ser quem sou, meio poeta, romântica, sensível, atenta aos mínimos detalhes.E o que eu não encontrei lá, eu achei na escrivaninha de meus vizinhos e amigos.
Melhor achei dentro de mim, por que lá já estava semeados a humildade e o prazer pelas coisas simples da vida.
Depois de tanto tempo ainda permanece acesa a chama da paixão daquela criança ativa e
dada a leitura de textos românticos e lágrimas ainda rolam no chão ao ler poesias e textos românticos como no tempo passado.
O pequeno príncipe foi responsável pelo que cativou em mim?
Ou eu deixei crescer, florescer a semente da paz?
Seja lá como for, depois de uma leitura mais compreensiva, mas com o mesmo resultado em sensibilidade, vejo com os mesmos olhos a importância de se ter bons amigos, bons livros, boas recordações, e pra isso tudo deve ser semeado na infância.
É por isso que guardo além da memória, a escrita deste para os meus entres queridos, em especial minha filha Alice, junto com a cópia do “pequeno Príncipe” e com ela a recordação de uma infância linda e feliz.
“Filha quando leres o Pequeno príncipe saberás que a humildade, o amor, e a amizade são a maior riqueza que alguém pode ter, o melhor tesouro, porém é o amor!”


Paula Belmino

Um comentário:

Isabel José António disse...

Poesia do Bem,

Muito importante esse post. Em portugal o livro foi sempre editado com o título O PRINCIPEZINHO.

Desde o cativar a raposa até todas as outras cenas idealizadas por Richard Bach, o livro fala-nos de olhar para o outro, sem as ideias feitas e os preconceitos; o cativar a amizade pela amizade e, o mais importante, QUE A SIMPLICIDADE é apenas SER, simplesmente...

Um grande abraço

José António